quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Discos: Bicho do Mato por O Bando do Velho Jack (2007)


Quando se fala em Rock no Brasil vem à cabeça as mesmas bandas de sempre: Titãs, Paralamas do Sucesso, Skank, Capital Inicial etc. Aliás muitas dessas nem rock são. E quando se fala em rock independente hoje já se está criando a imagem de Independente = Indie. Mas é claro que não é isso, afinal o rock independente sempre existiu, mesmo antes do Indie. Há um certo preconceito quanto à banda independentes ainda, do tipo "se fosse boa faria sucesso" ou "independente é só barulho, vocalista ruim e experimentalismo".
Pra provar que isso é balela existem as bandas de Rock and Roll no melhor estilo anos 70. Hard Rock, Southern, Prog... Vemos Velhas Virgens com seu rock and roll machista, tantos anos na estrada e sempre independente.
O Bando do Velho Jack é uma banda que nasceu em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, um lugar totalmente inapropriado pra ganhar a vida com esse estilo, porém eles conseguem. O público que curte rock agora achou uma identidade regional, uma banda que toca o rock dos anos 70, e até versões de músicas regionais. Uma banda que te faz acreditar no futuro do rock no Brasil, que te faz ficar feliz e com raiva ao mesmo tempo, feliz porque ainda há rock decente nessa país e com raiva porque não é reconhecido.
Como disse, a banda nasceu aqui em minha cidade, porém apenas o baterista é nascido aqui em Campo Grande.

A banda se formou em 1995, a primeira formação tinha Alex Batata (voz e guitarra), João Bosco (bateria), Marcos Yallouz (baixo) e Fábio Brum (guitarra).

Não tinha como dar errado, Alex Batata e João vinham de uma banda de Heavy Metal, e Marcos e Fábio de uma banda de Blues.

Em 1997 sai Fábio Brum e entra Fábio Terra (Corvo) pra assumir as guitarras. No mesmo ano Alex Batata é assassinado, o grupo então para suas atividades. Depois de um tempo entra Rodrigo Tozzette nos vocais e guitarras e Gilson Júnior nos teclados. A banda então volta à tocar. Em 2000 Gilson sai da banda e entra Alex Cavalheri.

A formação desde então (e a melhor de todas) é a seguinte: João Bosco (Campo Grande), Rodrigo Tozzette (Santos), Fábio Terra (Ribeirão Preto), Marcos Yallouz (Rio de Janeiro) e Alex Cavalheri (Apucarana/PR).

Pra mostrar como não podia dar errado, vamos às influências de cada um:

João Bosco: Já tocou no Made in Brazil, uma das pioneiras do rock no Brasil. The Band, Ray Charles, Beatles, Rolling Stones, Bob Dylan, Roberto e Erasmo Carlos. Um dos ídolos: John Bonham.

Rodrigo Tozzette: O cara era caminhoneiro, de verdade, caminhoneiros de verdade curtem Rock and Roll. Influenciado por Free, Bad Company, Grand Funk Railroad, Beatles, The Who, Allman Brothers Band. Ídolo maior: Paul Rodgers.

Marcos Yallouz: Veio parar na cidade por acaso, era analista de sistemas e foi contratado por uma empresa daqui. Influenciado por Lynyrd Skynyrd, Cream, ZZ Top, The Who, Black Crowes e Allman Brothers Band. Ídolo: John Entwistle.

Fábio Terra (Corvo): O figura da banda, fama de pegador e sempre chapado. Allman Brothers Band, Bob Dylan, Lynyrd Skynyrd, Beatles, Led Zeppelin, Gov't Mule são algumas das influências. Ídolo: Syd Barret.

Alex Cavalheri: Trabalhava em estúdio, criando arranjos antes de entrar pra banda. Influenciado por Led Zeppelin, Rolling Stones, Beatles e The Who. Ídolo: Jon Lord.

O disco Bicho do Mato é o que podemos dizer ser o 5º disco da banda. Contando o Old Jack, que na discografia oficial não consta. A discografia seria essa então: Old Jack, Procurado (1999), Como Ser Feliz Ganhando Pouco (2002), Ao Vivo e Acústico No Som do Mato (2004) e Bicho do Mato (2007).

Esse disco reúne o que o Bando tem de melhor, hard rock, southern, folk e prog. Um disco que vale muito à pena ser ouvido. Diria que é um dos 10 melhores discos nacionais de todos os tempos.

Bicho do Mato: A música que dá nome ao disco e a melhor pra abri-lo. Um cover da banda Casa das Máquinas, uma canção de prog rock. A música começa com uma levada de guitarra bem distorcida e a banda vai entrando gradativamente, música que abre os shows muito bem. Tudo soa perfeito, vocal e letra, as guitarras e o teclado. O refrão é ORGASMÁTICO, uma releitura genial, a banda realmente é conhecida por fazer covers que ficam melhores que os originais. Solo de teclado simples mas com muita energia e contagiante. Uma música inexplicável, só ouvindo pra entender.

Gasolina: Diríamos que essa é a "música de trabalho" do disco. Um hard rock típico, muito bom, lembra AC/DC, pelo riff marcante e letra sobre mulher! É viciante, fácil de decorar, um ROCKÃO. Solo com Slide, que dá aquele ar Southern. Refrão magnífico, música simples e direta.

Dois Caminhos: Essa já vem com outra proposta, totalmente diferente. Uma levada que lembram o passado dos integrantes, no Jazz e Blues. Letra muito boa, assim como todas do disco, o Jazz de fato comanda nessa música, é uma mistura muito interessante. Solo de guitarra e teclado breves, e uma percussão feita por Big Gilson. "Prefiro te esquecer pra não ter que te perdoar".

Máquina Do Tempo: Essa também não segue o padrão das anteriores, mas é puxada pro lado do Jazz também. Gostosa de se ouvir, o refrão ao contrário dá uma acalmada na música, o que deixa ela mais gostosa ainda. Uma letra viajada, chapada, ela é um prog também, às vezes se confundem. Mais um solo de teclado, e a guitarra entrando de intrusa com TUDO! É uma música que a priori parece calminha e sem graça, mas ela te envolve e você acha o máximo depois.

Quando Eu For Embora: Um blues melancólico, realmente muito triste, emociona mesmo. Teclado impecável, melhor impossível, a letra então nem se fala, PERFEITA. Refrão melancólico e cantado de forma ideal, traduz um sentimento. O solo de guitarra é magnífico, muito feeling. Como eu disse, não tinha como dar errado.

Pedras Que Rolam: ROCKÃO!!! Um hard digníssimo, no estilo AC/DC, letra sobre Rock and Roll. Vocês não tem noção como são essas músicas ao vivo, é pra matar de tanto tesão. Um solo novamente com slide, e breve. "Sem Rock and Roll na cabeça o mundo pode parar".

Lixo Humano: Mais uma grande canção de rock, uma música marcante, que teria tudo pra fazer sucesso se uma banda já consagrada à gravasse. Um refrão envolvente, seguido de um solo com muita presença, e sem slide dessa vez!

Mais Perto De Mim: Uma balada, com uma levada gostosa e uma letra magnífica. O destaque da música entre outras coisas é a letra mesmo. A música vai crescendo de forma magistral, uma música pra se ouvir num fim-de-tarde dentro de um carro viajando sem destino algum. Um solo de teclado acompanhado pelo de guitarra em seguida que só aumenta a carga emotiva da canção.

5:45: Uma balada, meio prog, uma letra doida, é uma música misteriosa. Um solo comprido e muito prog, pra quem curte um progressivo é uma música muito boa. E no final ela ainda cresce de forma esplendorosa.

Martinica: Um solo de bateria, com alguns efeitos, o disco é uma viagem nas várias faces da banda, essa é mais uma.

To Indo Te Buscar: Coladinha começa essa, uma balada acústica, só com violões, uma baladona do Rodrigo, caprichando mais uma vez na letra. Uma letra apaixonada e que mostra angústia, assim como nas músicas do Tozzette, a ESTRADA é mais uma vez citada, é o coração de um caminhoneiro e hoje um motoqueiro.

O Fim Do Mato Magnetizado: Uma gravação com quase um minuto e meio, se ouve barulho da natureza, algumas vozes, alguns efeitos. Barulhos da cidade em contraste com os barulhos da natureza, se ouve pessoas coversando e alguem sussura "Rock and Roll!". O dico acaba oficialmente aqui. Mas há duas Faixas Bônus.

Mito Solar Da Morte: Cover de Geraldo Espíndola, um compositor doidão aqui da terra. Uma letra louca, transformada num prog com uma pitada de hard. Enfim, numa música do Bando. Solos excitantes e várias viagens. Me lembro que no show de lançamento do disco, o próprio Geraldo Espíndola estava lá para cantar junto com a banda, e não é que o cara tava tão chapado que mal conseguia se apoiar no pedestal do microfone, além de esquecer a letra. Pois é, uma música muito boa.

Rock Das Cadelas: Outro cover, agora de uma banda de blues também aqui da cidade, Bêbados Habilidosos. Letra machista, parece Velhas Virgens, muito boa. "Baby, você vai ter que aprender, que não é pisando num homem que vai fazer ele te querer".


Como disse anteriormente, não tinha como dar errado. Cada integrante tem sua particularidade em suas influências o que acaba transformando a banda num apanhado do melhor que existe no Rock and Roll. E ao vivo a energia é GIGANTESCA, é algo incrível, inexplicável.


GERAL: 8,5/10


Nesse blog você acha a discografia: http://estacaoeletrica.blogspot.com/2008/08/o-bando-do-velho-jack-4-cds.html

Pra comprar os discos e camisas, apenas 15 reais ambos, entre no site oficial.

www.obandodovelhojack.com.br


Destaques:

Bicho do Mato

Gasolina:
http://br.youtube.com/watch?v=taQF-JFUJXg
Gravado por um fã num show aqui.

Pedras Que Rolam

Máquina do Tempo
http://br.youtube.com/watch?v=Q5Zg7UVDEkc
Ao Vivo.


Braços podem ser abraços...

2 comentários:

Renan V. J. de Oliveira disse...

porra, deu até vontade de comprar depois dessa crítica

e olha q eu nunca ouvi essa banda

LP do BDC disse...

show
!