quarta-feira, 4 de março de 2009

Discos: No Line On The Horizon por U2


U2 dispensa apresentações, então vamos falar logo do disco.

Esse é o 12º disco da banda irlandesa, lançado na Irlanda dia 27 de fevereiro e no resto do mundo no dia 2 e 3 de março. A inovação já começou nas diversas formas que o disco foi lançado, em plena crise o U2 lança logo 5 versões de seu novo disco:

- Jewel Case: o CD como todos nós conhecemos, somente ele.

- Digi Pack: CD + Booklet + Pôster + Possibilidade de baixar "Linear" o filme de Anton Corbijn com trilha composta pelas músicas do disco e a inédita Winter. Tudo isso numa embalagem especial.

- Magazine: formato com uma revista de 60 páginas + CD + Download do Linear. Embalagem especial.

- Vynil: embalagem especial com 2 LPs, com um booklet com 16 páginas.

- Box Set: CD + Pôster + Booklet + Livro + DVD do Linear.


Na semana passado o disco, mesmo sem ser lançado, apenas com a pré-venda em sites, já tinha alcançado disco de Platina aqui no Brasil, vendendo mais de 60 mil cópias antecipadas.
Em Dublin milhares de fãs fizeram filas e passaram a noite esperando as lojas abrirem para serem os primeiros à comprarem o novo disco.

As avaliações dos discos são das mais variadas, a Rolling Stone deu nota máxima ao disco, já um crítico espanhol e outro brasileiro desceram a lenha, mas a maioria aqui no Brasil receberam o disco muito bem. A Q Magazine e a Blender deram nota máxima também, Mojo e Uncut muito próximo disso.

A questão para se avaliar esse disco é: SABER OUVIR, DEGUSTAR, como um Enólogo (ou Sommelier se preferir) degusta um bom vinho, prestando atenção à cada detalhe, e descobrindo todo o passado do vinho e a história. No caso do No Line On The Horizon é igual, mas levando em consideração também o contexto de algumas canções.

O disco está num nível excelente, a inovação é evidente. O U2 consegue, novamente, se reinventar, confesso que nas minhas primeiras audições não percebi muitas inovações e a razão eu é óbvia: Você não consegue associar esse disco ao U2, você não o enxerga como tal, a partir do momento que associei todo o passado musical do U2 com esse disco percebi o quão inovador ele é.

Ainda é cedo para concordar com Daniel (Danny como é chamdo) Lanois, quando ele disse numa entrevista que o U2 reinvetaria o rock novamente com esse disco.

A Santa Trindade da produção foi convocada para esse disco: Brian Eno e Danny Lanois, que assinam algums músicas junto com a banda, e Steve Lillywhite.

Não é um disco pra se ouvir enquanto navega na internet ou faz outra coisa, é preciso dedicar toda a atenção à ele, pois se não ele vai soar totalmente diferente do que realmente é.

No Line On The Horizon: Abre o disco de forma animada, um riff que lembra The Fly, e uma atmosfera que lembra o remix de Lemon usado na Pop Mart Tour. Música que traz na autoria além do U2, Brian Eno e Danny Lanois. A letra ficou a cargo de Bono. Aliás ele disse o seguinte sobre a canção: “É por isso que eu adoro a abertura do álbum - No Line on the Horizon. Não há fim à vista. É infinito, é otimista", "nós começamos a escrever sobre Deus e acabamos por escrever sobre meninas. 'Mas nós encontramos Deus nas meninas', essa seria a minha resposta”. Uma música que reflete o personagem principal, é agitada e calma ao mesmo tempo, o refrão é calmo, a bateria marca, é cheia de detalhes, assim como todas as músicas do disco. A música é atmosférica, e a letra cheio de paralelos com Deus, passaria o dia inteiro pra falar sobre todos aqui. Inovação evidente no intrumental. Um ótimo cartão de visita.

Magnificent: Um clássico? Só o tempo vai dizer, mas com certeza é a uma das grandes canções do disco, a mais parecida com o U2 dos anos 80, pelo riff de guitarra, aliás o riff é MAGNÍFICO, um dos melhores que o The Edge já fez. A introdução é extraordinária, com um baixo forte, sintetizador e bateria entrando lentamente e a guitarra pra finalizar no que resulta no riff. A letra é apaixonante, mesmo se não souber inglês ela gruda, o pré-refrão cresce e no refrão em si volta o riff magnífico e a frase "Only love, only love can leave such a mark"... A atmosfera é marcante também, sintetizadores muito bem usados sem exageros, criam um clima perfeito para um grande hit. O refrão caiu como uma luva, é suave como a música, e com a dose certa de empolgação, sem exageros, casamento perfeito. O solo com slide, como o The Edge já tá acostumado a fazer, a música é bem no estilo dos clássicos do U2, mas com um toque de modernidade e soa novo. Danny Lanois e Brian Eno também assinam essa com o U2. A letra é de Bono e The Edge.

Moment Of Surrender: Mais uma com Lanois e Eno com letras de Bono. E que letra! Uma balada atmosférica com um vocal potente e forte, como a tempos não se via no U2. O baixo é marcante e aparece muito, orgão e sintetizadores acompanham no verso junto com uma bateria simples. O destaque é o vocal e a letra, que passa uma emoção incrível, o refrão é um coro com Eno e Edge fazendo os backing vocals. Uma balada de 7 minutos que pode soar cansativa e chata para alguns, mas como disse, é preciso saber apreciar, se entregar à música, fechar os olhos e viajar. Solo com slide novamente, bem limpo e que combinou perfeitamente com a música, só poderia ser mais longo.

Unknown Caller: Começa com um som ambiente de passáros cantando durante as sessões da banda em Fez, no Marrocos. Guitarra típica do The Edge, parece que vai ser uma música como as de antigamente, mas tudo muda depois que se passa 1 minuto. A história da música é de uma pessoa que recebe mensagens em seu celular, anonimamente, a letra merece muita atenção, tem muita coisa por trás. A melodia é linda, é U2, só que com alguns adicionais, notem que em todas as canções há os sintetizadores criando a atmosfera pra música se desenvolver, por isso é preciso ouvir várias vezes e prestando muita atenção pra notar todos os detalhes. "Restart, Reboot Yourself". Entram então uma orquestras junto com o solo de muito feeling do The Edge, aliás essa é a marca dele, o solo adequado pra cada música, nada exagerado pois não se trata de um hard rock ou prog. Letra e música de U2, Lanois e Eno.

I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight: Música do U2 e letra de Bono. A introdução lembra Abba, e a maneira como Bono canta o verso lembra In A Little While. O pré-refrão e o refrão são fortes, música que vai crescer ao vivo. "Every generation gets a chance to change the world / Pity the nation that won’t listen to your boys and girls". A letra é ótima também, um musicaço! Um solo fortíssimo e muito bonito, um hino para se tocar em arenas.

Get On Your Boots: Primeiro single do disco, uma batida eletrônica, um riff forte, e um refrão interessantíssimo. Não é a música mais inovadora do disco, mas traz muito novidade, é dark e forte ao mesmo tempo. Com uma letra sobre mulheres no poder, com alfinetadas aos EUA. É a música pra levantar o público, pra animar festa quando remixada.

Stand Up Comedy: Produzida por Will.I.Am, feita pelo U2 com letras do Bono. Um riff que como foi dito no release da Q Magazine, lembra Led Zeppelin e Cream, então nem precisa dizer que é forte e marcante. Mas acrescento mais, nos versos lembra o funk rock do Red Hot Chili Peppers. Inovadora sim, podemos comparar com Mysterious Ways do Achtung Baby que nunca mais se ouviu uma música como aquela. É o U2 pisando em novos terrenos.

FEZ-Beign Born: Se Stand Up Comedy lembra Achtung Baby, essa lembra Unforgettable Fire, mas com uma passada por Zooropa, é bem experimental, uma atmosfera anos 80, uma viagem dessas tinha que ter Brian Eno e Danny Lanois envolvidos no meio. Essa é uma prova que o U2 não perdeu seu espírito oitentista, e usa desse espiríto pra criar uma sonoridade nova.

White As Snow: Música tradicional, sem autores, os arranjos e letras por U2, Eno e Lanois. Um folk calmo e gostoso de ouvir. Muito bem escrita e cantada, com o acompanhamento de uma orquestra a certa altura, é uma grande música, que não vai fazer sucesso porque agrada poucos. A música foi escolhida para ser trilha do novo filme de Jim Sheridam, Brothers.

Breathe: Grandiosa, Bono nas letras e U2 na música, tudo é grande na música. O verso é grande, Bono quase perde o fôlego pra cantar no tempo certo, o riff é pesado e marcante, o solo foi dito por Lanois "o mais incrível do The Edge", discordo, é um dos melhores, teclados e violinos, violão-cello, e muito peso. Pré-refrão EXTRAORDINÁRIO, e refrão INCRÍVEL! The Edge é o destaque dessa música, a guitarra está simplesmente perfeita.

Cedars Of Lebanon: A mais comentada antes do lançamento, e agora foi esquecida. Não é uma música comum, é uma narrativa, Bono à escreveu como se fosse co-reponsável por uma guerra. O refrão tem uma frase apenas, e a música tem um instrumental constante, a maior parte do tempo. "Choose your enemies carefully ‘cos they will define you". Música que tem pouco a ser comentado, intrumental fraco e letra forte, mas dentro do contexto o instrumental fraco não é negativo, pois não se trata de uma canção e sim do relato de alguém que esteve na guerra.


Bono acaba de anunciar um novo disco para o fim desse ano ou começo do ano que vem. Segundo consta o disco se chama Songs Of Ascents, e o primeiro single seria Every Breaking Wave, música cogitada para estar no No Line On The Horizon mais ficou de fora.

No Line On The Horizon nasceu grande, devido à espectativa que havia sobre ele. E agora é esperar os números finais, pra poder dizer que além de um disco de qualidade ele é também um sucesso.


GERAL: 8/10


Destaques:

Magnificent




Breathe




Vídeos tirados das 2 primeiras noites da banda no Late Show With David Letterman.

5 comentários:

Diego "Grunge" Lobato disse...

axo q desde Pop,o U2 ñ fazia algo tão abaixo da média como esse disco

Unknown disse...

xêra que é de pêra

Punk Star disse...

lobatinho = mais um que esperava que o U2 iria repetir a fórmula dos 2 discos anteriores...


U2 é isso, tem que saber acompanhar a inovação dele, os mais conservadores vão odiar, assim como odiaram Pop.

Eu acho o Pop um dos melhores discos do U2.

Como eu disse na comunidade, o ruim de se inovar constantemente é que nunca vai agradar todos os fãs.

Diego "Grunge" Lobato disse...

+ desde quando inovação é sinal de coisa boa...
vide AC/DC q é + do mesmo e continua bom
e veja o U2 da dékda de 80 pratikmente imutável,a não ser pelo 1º disco(BOY) em q ele tentou imitar em tudo a Siouxie

Punk Star disse...

Unforgettable Fire é diferente... Joshua Tree tem influência americana,

Achtung Baby uma obra-prima e totalmente diferente...


Inovação é isso, agrada alguns e desagrada outros tantos.