quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Eu andei por uma rua inóspita,


considerando-me gênio de forma lúcida, traguei o penúltimo cigarro do maço, gênio, eu repetia na minha mente, e ouvia o sussurrar, gênio, gênio, gênio, não me lembro se eram pensamentos altos ou falas baixas, quem sabe não os dois? Pois para mim vinha exaltado e para os outros, mesmo que nenhuns, ia sutilmente com uma prudência excessiva. No primeiro bar mandei encher o copo, não fazia idéia do líquido que o continha, virei, e o tal que aparentava dono do bar olhou assustado. O copo estava novamente cheio, virei, trazendo espanto dos bêbados com camisas do Bahia e do Corinthians que mal cabiam nas barrigas de pêlos encaracolados. Lá pelo quarto copo todos já gritavam ao meu redor. Lá pelo décimo, no próximo eu sairia sem pagar. Virei. Todos gritaram com total euforia, um tal de boné que tinha os cabelos caindo pelos lados e usava uma camisa nove do Ronaldo exclamou, gênio, saí do bar e acendi o último do maço. Na rua inóspita já descia um bloco inteiro, e não vendo qualquer sinal de sanidade eu entrei no bloco e só fui acordar dois dias depois, levantei e traguei os dois últimos do maço.

1 comentários:

Punk Star disse...

Me lembrou um desenho que eu vi no Canal Brasil esses dias, uma caricatura do carnaval e dos blocos de rua. Excelente. Esse é lente.